domingo, 25 de março de 2012

Ski

Quando morar na Europa ainda era um sonho distante, existiam certas coisas que eu ficava imaginando. Uma deles, era ver neve, e a outra, era esquiar. Apesa de ter demorado um pouco, finalmente consegui realizar esses dois sonhos.

Como sempre, acertamos a viagem apenas alguns dias antes de partirmos. O carro foi reservado com menos de 48 horas de antecedencia. Sexta-feira, dia 9, sai um pouco mais cedo do laboratorio, e fui com o Janailson até o aeroporto de Orly pegar o carro.

A reserva era para um Focus, mais acabamos recebendo um Golf, que era espetacular. O acabamento interior era lindo, muito bem feito, sem contar o computador de bordo bem legal, e varios botões para multiplas tarefas. O mais legal, é que ele tinha vários sistemas que estou estudando na eletiva de Voiture Intelligent. O sistema Stop & Go por exemplo, desliga o motor toda vez que o carro para; a primeira vez que o motor desligou no meio de um congestionamento eu achei muito estranho, o carro fica muito silencioso, mas depois você se acostuma.

Voltamos à Supélec para pegar o resto do pessoal, paramos em um Kebab para comer, e pegamos a estrada. Fizemos uns 500 km direto, das 10 e meia até quase as 4 da manhã. Fomos tentar achar um hotel para durmir na beira da estrada, mas todos estavam cheios. Acabamos parando no estacionamento de um posto e durmimos no carro mesmo.

Menos de tres horas depois, acordamos e seguimos viagem.

Os Alpes são lindos. Aquelas montanhas bem altas, cobertas de neve que parecem que sairam de pinturas. E as estradas parecem de fotos. Para subir a montanha, a estrada faz como varias retas paralelas, ligadas por curvas de 180º muito fechadas; enquanto você faz a curva, mal da para ver para onde se esta indo, so da para ver aquele monte de neve do lado.

Chegamos no hotel, que era do lado de uma estação de ski. Deixamos as coisas no quarto e fomos pegar os equipamentos. Eu decidi tentar o ski no primeiro dia, teve gente que foi de snowboard, mas parecia ser mais dificil.

Já era mais de meio-dia quando um bondinho nos levou até o topo da montanha. Lá tinha a primeira pista. Era uma pista verde, que é a mais fácil, mas mesmo assim ela era bem inclinada.

Ajeitei os skis no pé, dei um impulso com os bastões e comecei a deslizar ladeira abaixo. Consegui ir um pouco pra direite, comecei a ir muito pra fora da pista e tentei voltar pra esquerda. Não consegui, fiquei reto com a pista e comecei a ganhar muita velocidade. Foi meu primeiro tombo. Cair na neve, ainda mais com a adrenalina a mil, não doi nada. Fui correndo pegar o remonte para ir mais uma vez.

Aquele remonte era como um bastão com um disco no fim, que se punha entre as pernas, e ele ia te puxando ladeira a cima. Tinham várias criancinhas na minha frente, quando chegou a minha vez, coloquei o bastão entre as pernas, e quando ele começou a me puxar, acabei caindo na neve, os skis sairam do meu pé, e ele não me puxou mais porque eu larguei. O cara que ficava tomando conta veio me explicar direitinho como eu devia fazer, e então eu não tive mais problemas com o remonte.

Depois, enquanto um pessoal continuou praticando nessa descida, eu e mais uns outros fomos fazer um circuito verde. Era uma pista bem grande, que demorava quase uma hora. Não entendi como aquilo era para iniciante. Tinha horas que a pista não devia ter nem 5 metros de largura, de um lado um abismo, do outro um monte de pedras, e mais na frente uma curva bem fechada, com um outro desfiladeiro no fundo. Foram incontaveis as vezes que cai ou mesmo me joguei no chão, principalmente quando pegava muita velocidade. Uma vez, mais pro final, quando estavamos passando no meio de um pequeno bosque, depois que cai eu fui escorregando, e só parei nas arvores, e por sorte, alguns centimetros depois de uma pedra.

Mas a vista e a adrenalina faziam tudo valer a pena. Com tanta coisa acontecendo, eu nem percebia mais o frio.

Consegui pegar o jeito com o ski bem rápido, e no final do dia consegui fazer uma pequena pista azul sem cair. Nessa pista, a descida era bem ingrime, e dava para pegar muita velocidade. A pista azul é um nivel mais dificil que a verde. Depois dela vêm a vermelha e por ultimo a preta.

Aquela noite comemos no hotel. Pegamos um menu, que incluia entrada, o prato principal e sobremesa. Foi uma das melhores refeições que eu já fiz, tudo estava muito bom.

No outro dia, depois de fazermos o check-out, fomos para Val Thorens. Demoramos um pouco para chegar, pois alem de termos que descer a montanha e subir de novo por um outo caminho, o GPS ficava nos dando direções erradas. Ele dizia para passarmos por dentro de pistas de ski para cruzar certos picos das montanhas.

Quando chegamos fomos alugar o luge e pegamos o teleférico para o topo da montanha, e eu não tive mais duvidas de que aquela era a maior estação de ski da França. Estavamos a mais de 3 mil metros de altitude, e para todo o lugar que eu olhava eu via pistas e gente descendo a montanha.



E o luge foi muito divertido. Ele é como uma bacia, onde se fica sentado, e dos lados tem dois freios de mão, que servem para dar a direção. A pista era gigante. Tinha curvas muito legais, sem contar várias descidas ingrimes. No total, a pista tinha 6 km, a gente fez ela em uns 40 minutos, mas segundo falaram, era possivel pegar uma velocidade máxima de até 60 km/h. Era muito bom pegar uma descida a milhão, entrar na curva meio derrapando, dando leve toques nos dois freios para compensar a trajetoria, tudo isso enquanto o luge ficava pulando pelos morrinhos de neve que se formavam pela pista. Sem contar na hora que se tentava passar alguem. Se a pessoa da frente acionava o freio nessa hora, voava um monte de neve na cara da pessoa que estava atrás.

Depois de duas descidas, já estava no final da tarde e fomos para o carro para pegar a estrada. Pegamos bastante engarrafamento no pé da montanha, e perto de Lyon. Paramos em Lyon para jantarmos (o que na verdade era também o nosso almoço). Saimos de lá eram mais de dez horas da noite.

Voltei dirigindo, e chegamos finalmente em casa depois das três. No outro dia, tinha que acordar cedo para a aula. Estava morrendo de sono, mas já estava procurando outro final de semana que desse para irmos esquiar de novo.

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Na quinta-feira daquela semana ainda teve uma soirée brasileira. Foi na Centrale Paris e estava muito boa. Tinha feijoada, caipirinha, e praticamente todos os brasileiros que moram em Paris. Encontrei bastante gente que eu não via fazia bastante tempo. Foi muito boa.

Nessa ultima segunda, aqui no Cope teve também uma apresentação de musica irlandesa por um quarteto que foi bem legal. Eles fizeram isso por causa do St. Patrick’s Day, que tinha sido dia 17.