Saindo do
Marrocos fomos para o Brasil. Na verdade não era exatamente o Brasil, mas nos
sentíamos quase como em terras tupiniquins. Estávamos em Portugal.
Apenas o
fato de todo mundo falar uma língua na qual você consegue entender tudo, já era
alguma coisa. Normalmente quando estamos andando em Paris, e eu ouço alguém
falar português, mesmo que comum, é algo que me chama a atenção. Em Portugal,
no inicio, era até estranho escutar português vindo de todos os lados. E tinha
a comida também. No primeiro dia já jantamos pão de queijo com guaraná, e
comemos empadinhas e coxinhas como café da manhã em praticamente todos os dias
da viagem.
Chegamos em
Lisboa na sexta, eu o Daniel e a Luiza. Um pouco mais de noite o Janailson nos
encontrou no hotel. Demos uma volta pelo centro, pelo Chiado, e no Bairro Alto
encontramos uma rua cheia de barzinhos que estava bem animada.
No outro
dia fomos para Belém, que é um bairro um pouco afastado de Lisboa, mas que dá
para chegar facilmente por um trenzinho. Vimos um mosteiro; a torre de Belém,
que era usada como proteção do Tejo; e o padrão dos Descobrimentos, que é um
monumento bem grande que celebra as conquistas de Portugal. E logico que fomos
na loja que vende os mundialmente famosos Pasteis de Belém, experimentar
alguns. Na verdade, aquela é a única fabrica de Pastel de Belém do mundo, todos
os que são fabricados em outros lugares são na verdade pastel de nata. Eles
eram muito bons.
Mais tarde,
naquele dia, algo inusitado aconteceu. Lisboa quase pegou fogo. Mas
especificamente, o nosso quarto de hotel. Como a viagem era de duas semanas e
não íamos voltar para casa nesse meio tempo, a alguns dias eu tinha percebido
que pro final da viagem eu ia ficar sem meias limpas, e assim, como tínhamos um
pouco de tempo livre, resolvi lavar alguns pares. No banheiro tinha um
aquecedor, e pensei em usa-lo para secar as meias. Um aviso falava “Não
cobrir”, então comentei com o Janailson: - Se eu não cobrir tudo acho que não
tem problema, neh?! – E ele concordou com a minha ideia.
Voltei pro
quarto, estávamos assistindo Simpsons, e começo a sentir um cheiro de queimado.
Corri para o banheiro e lá dentro eu não conseguia ver quase nada de tanta
fumaça que tinha. As partes das meias que ainda não estavam pretas estavam
vermelhas, em brasa. Desliguei o aquecedor, e jogamos as meias na pia. Elas
estavam tão queimadas que quando puxamos uma, ela se quebrou no meio e metade
ainda ficou pendurada no aquecedor.
Mas tudo
ainda não estava salvo. O banheiro não tinha janela, e foi um sufoco tirar toda
aquela fumaça de lá sem disparar o alarme de incêndio que ficava no meio do
quarto, bem no caminho entre o banheiro e a janela. Por fim, depois de muito
tempo, tudo deu certo, e pelos próximos quatro dias, até irmos embora de
Lisboa, o quarto ainda ficou com um leve cheiro particular de queimado.
Na virada
de ano fomos para a Praça do Comercio. Me surpreendi. Não estava esperando
muita coisa, mas colocaram um palco, onde uma banda ficou tocando a noite
inteira. Ficamos na grade, bem perto do Tejo, e de lá, a meia-noite, teve a
queima de fogos, que foi bem legal.
No dia 1º,
no almoço fomos em uma churrascaria, o Costelão Gaucho, e quase morremos.
Indescritível a sensação que é comer um churrasco depois de tanto tempo. A
carne estava ótima, extremamente macia, e o pessoal era muito simpatico. Vários
garçons eram brasileiros, e iam conversar com a gente e sempre faziam umas
piadas. Acabamos voltando no dia seguinte e ainda mais uma vez.
No outro
dia fomos visitar o Castelo de São Jorge, que fica em cima de uma colina, no
meio da cidade. Antigamente esse era um castelo dos mouros, que habitaram
aquela região antes dos portugueses chegarem. Em Lisboa ainda conhecemos a
Igreja da Sé e o Parque Eduardo VII.
Quarta, dia
2, pegamos o carro no inicio da tarde, e fomos para Sintra, uma cidadezinha a
uns 30km de Lisboa. Depois de uma estrada cheia de curvas e uma trilha de uns
30 minutos de caminhada mata a dentro chegamos até o Castelo dos Mouros. No
topo da montanha existem apenas algumas ruinas, mas é bem legal caminhar pelo o
que sobrou das muralhas, ali em cima, com um forte vendo e uma visão
maravilhosa.
No dia 3,
saímos de Lisboa bem cedo. Ainda de manhã chegamos em Óbidos, uma cidade
pequena, tipicamente medieval, completamente circundada por uma muralha. As
ruazinhas são tão estreitas que não passam carros dentro da cidade. No final da
rua principal fica um castelo. É possível subir nas muralhas, e ir caminhando
por elas por volta de toda a cidade. As casas sempre ficam mais baixas, o que
permite uma vista completa da cidade de um lado, e do outro lado, fora da muralha,
dos campos.
Depois,
pegamos de volta a estrada até Fátima. O santuário de Nossa Senhora de Fatima é
muito bonito.
Ainda
fizemos um passeio em umas cavernas ali perto, passamos por Coimbra no inicio
da noite, onde aproveitei para comprar algumas meias (depois de queimar as
meias desisti de lavar as sujas e resolvi comprar meias novas), e então
chegamos em Porto.
Em Porto,
no outro dia, fizemos um free tour, onde o guia nos falou sobre a importância
de D. Pedro IV (aquele mesmo que declarou a independência do Brasil) para a
cidade do Porto. Ele nos mostrou também lugares importantes das batalhas da
revolução do Porto, e falou sobre as pontes, que até o sec XIX eram formadas
por um amontoado de barcos, um do lado do outro. De tarde ainda fomos conhecer
e fazer uma degustação em uma das milhares caves que produzem vinho do Porto e
ficam em Gaia, do outro lado do rio.
No sábado
voltamos para Lisboa, devolvemos o carro e aproveitamos para ir mais uma vez no
Costelão Gaucho. De tarde, fomos até o aquário. Tinhamos ouvido falar muito bem
de lá, e realmente, é incrível. No meio, um aquário gigante, com vários peixes,
tubarões, e arraias. Dos lados, vários ambientes representando cada canto do
planeta. Em um deles ficam os pinguins, e chegamos bem na hora que eles estavam
sendo alimentados. Dá para chegar muito perto, e cada pinguim tem uma
braçadeira de uma cor única, e recebe um nome, é muito legal! Em outro lado ficam
as lontras, que ficam fazendo pose para tirarmos foto.
Fomos então
ao aeroporto, não sem antes parar em um mercado para comprar alguns guaranás
para levar para casa, e voltamos para a França.