domingo, 25 de agosto de 2013

Berlim

É verdade que nunca tive uma vontade muito grande de conhecer a Alemanha. Nesses dois anos que estive aqui, só tinha ido uma única vez até Munich, isso que era a Oktoberfest. Felizmente, consegui corrigir esse grave erro a tempo. Depois de ter ouvido as melhores coisas possíveis de todos que já tinham visitado Berlim, resolvi ir conhecê-la. Utilizei o feriado do dia 15, que por ser uma quinta ia emendar a sexta, e provavelmente ia ser a minha ultima viajem antes de voltar para o Brasil.

O meu voo saiu bem cedo. Fiz uma escala em Frankfurt. O aeroporto é incrível. Do lado de fora, ainda no avião, deu para ver um terminal gigante, o prédio todo espelhado, e vários símbolos da Lufthansa por todo o canto. Sem contar que eu vi uns dois A380 taxiando, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Peguei outro avião e cheguei no fim da tarde em Berlim. Fui deixar as coisas no hostel e me disseram que eles tinham um pequeno problema. Embora eu tivesse reservado um quarto de 10 pessoas, eles estavam com overbooking, então eu ia receber um upgrade para um quarto simples, sem ter que pagar a diferença. Não reclamei, e o quarto era muito bom. O hostel em si era bem legal. Se chama Circus Hostel, e tem um bar no subsolo.

Dei umas voltas pela cidade, e voltei pro hostel. Fui até o bar, que estava bem cheio. Estava conversando com um inglês e uma inglesa, quando simplesmente do nada, apareceu um cara que fez Calculo I comigo na Poli. Isso a uns 5 anos atrás! Sério, às vezes me impressiono como o mundo é pequeno.

Na verdade o hostel estava cheio de brasileiros. Aquela noite, quando mais tarde fomos para um outro bar, devíamos ser uns 12 brasileiros. Até acabei conhecendo depois dois cariocas que eram bem gente boas.

No outro dia, foi difícil acordar mesmo que já fossem 11 da manhã. Tomei um café da manhã bem reforçado no hostel mesmo, e fui fazer o walking tour. Berlim é uma cidade gigante, com muita historia e varias coisas interessantes para se ver. O walking tour demorou umas 4 horas, talvez até mais, mas ele foi muito legal.

Começamos pela ilha dos museus, mais especificamente no Lustgarten. Um jardim muito bonito, com um museu ao fundo, e uma bela catedral em um dos lados. Fomos andando até uma pequena construção, Neue Wache, que é um memorial de guerra, onde no interior tem uma comovente escultura que representa uma mão com o seu filho morto nos braços.




Passamos por vários domos, e por uma casa de opera, até chegarmos ao Checkpoint Charlie. Esse era um dos únicos três lugares onde se era possível passar de Berlin Oriental para Berlin Ocidental. No caminho, a nossa guia sempre ia contando diversas historias, sempre bem interessantes.

Uma coisa que eu já tinha notado era que o farol de pedestres tinham uns bonequinhos diferentes. Na época em que Berlim estava separado, talvez para melhorar um pouco o animo da parte leste, o governo resolveu criar o Ampelmännchen, esse personagem bem simpático que diz para as pessoas se elas podem ou não atravessar a rua. Na época da reunificação, eles foram extintos. Mas as pessoas gostavam tanto deles que houve uma certa revolta. Hoje, eles podem ser encontrados em toda a antiga parte leste, e até em certas partes ocidentais. Sem contar as diversas lojas de souvenirs que vendem o Ampelmänchen estampado em tudo o que se possa imaginar.


Seguimos então para frente do museu da Topografia do Terror, onde se pode ver uma parte do muro de Berlim ainda de pé. Passamos por alguns prédios construídos na época nazista, até chegarmos a um estacionamento ao ar livre. Nada, a não ser uma pequena placa, indicava que ali era o local do antigo bunker onde Hitler se suicidou.

Não muito distante, fica o memorial ao Holocausto. Uma área bem grande, com imensos blocos de concreto preto enfileirados. Além disso, o solo é bem desnivelado. Olhando de fora não parece, mas uma pessoa inteira pode desaparecer atrás dos blocos.



Por ultimo, fomos até o Portão de Brandemburgo, um dos maiores símbolos da cidade.

Antes de voltar para o hostel, ainda paramos em um barzinho, para experimentar algumas especialidades alemãs. Tomamos vários tipos de cerveja, todas boas e baratas. Tinha até uma que era verde.

De noite, como estava muito cansado, tinha prometido a mim mesmo ir dormir não muito tarde. Claro que não deu certo. Tínhamos ido apenas a um barzinho ali perto, e acabamos conhecendo um brasileiro que morava em Berlin. O que foi muito bom, pois ele deu varias dicas interessantes, o que incluía um outro bar, ali perto, que claro que fomos conhecer.

No sábado, a primeira coisa que fiz foi ir até o estádio olímpico. Esse estádio foi construído na época do domínio nazista, quando eles sediaram as olimpíadas de 1936. Na época, eles queriam mostrar toda a sua força para o mundo, e o estádio é realmente grande. Ele tem uma fachada toda em pedra, o que o torna bem imponente.


Depois, voltei até o centro e entrei no museu da Topografia do Terror. Ele é muito interessante. Existem varias informações, e eles explicam em detalhes como a Gestapo foi utilizada durante o regime nazista.

Saindo de lá, dei uma volta por um parque ali perto, onde se encontra um grande obelisco.


Fui então até a East Side Gallery. Um pedaço do muro que ainda esta de pé, com quase 1 quilometro e meio de extensão. Mas ele tem algo de especial. Logo após a unificação, no calor do momento, diversos artistas pintaram aquela parte do muro. Aquelas pinturas, verdadeiras obras de arte ao ar livre, refletem bem a temática da época.

Eu só fiquei meio chateado que varias das pinturas estão meio destruídas, principalmente por causa de pessoas que assinam seus nomes ou fazem outros desenhos por cima.







Aquela noite, depois de voltar pro hostel, ainda saímos para um lugar lá perto. Foi difícil acordar no outro dia para pegar o avião. Fui embora, mas com uma vontade muito grande de ficar. Gostei muito de Berlim, de um jeito que eu não esperava. Berlim é uma cidade bem cosmopolita, com diferentes tipos de pessoas. Além disso, tem muita coisa interessante para ver e fazer em Berlim, e tem muita coisa que eu queria fazer mas não deu tempo. Eu tenho que voltar pra lá.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Férias?!

Quando julho começou, deu para sentir chegando também o verão acompanhado das férias.

Esse ano, eu passei a Queda da Bastilha, 14 de julho, em Toulouse. Não esperava nada comparado com Paris, que ano passado foi magnifico, apesar das dificuldades que tivemos para voltar para casa. Mesmo assim, aqui em Toulouse tinha uma multidão comemorando. Todas as ruas perto de Jean Jaures estavam lotadas de gente, e os fogos, que foram soltos a partir da midiateca, foram bem bonitos. Acho que esse é o feriado mais importante para os franceses. Ele me pareceu bem celebrado em todo o canto.

Uma coisa engraçada que da para notar bastante na França é como as cidades esvaziam na época de férias. Paris durante os meses de julho e agosto, mesmo com a grande quantidade de turistas, é mais calma. Em Toulouse então, famosa por ser uma cidade recheada de estudantes, a comparação fica ainda mais evidente.

Você começa vendo menos pessoas na rua, uma pessoa ou outra sai de férias no escritório. De repente, as entradas e saídas do metro parecem vazias. Aquelas pessoas, vestidas ou de azul, ou de verde, ou de vermelho, que ficam na porta do metro, distribuindo aqueles jornais gratuitos que são ótimos para se ler no ônibus quando se acordou atrasado e se esqueceu de pegar um livro; até elas estão de férias.

Os horários dos ônibus mudam e eles demoram mais tempo entre uma passagem e outra. E então, um dia, eu me vejo praticamente sozinho na Airbus. Até mesmo no meu apartamento os meus colocs estão indo embora.

É, todos estão saindo de férias. Na verdade, quase todos, por que eu como estagiário não tenho direito a férias. Pelo menos, com essa calma toda, o restaurante, normalmente lotado ao meio dia, fica muito mais vazio. E no ônibus até da para voltar sentado algumas vezes.

Mais, finalmente, o inverno realmente foi embora. O calor aqui é bem grande, ainda mais que normalmente faz bastante sol. Às vezes caem umas tempestades bem fortes, mas elas são relativamente rápidas.

Além disso, o verão deixa a cidade com um clima particular; tudo parece mais alegre. De noite, ainda existe aquele resquício do forte calor do dia, mais o ar já está bem mais arejado. Caminhar pelas pequenas ruas de Toulouse é algo bem legal nesse momento. A prefeitura de Toulouse aproveitou essa hora especial do dia e organiza todas as noites um show de luzes no Capitole, o prédio da prefeitura.

A cada meia hora, por 15 minutos, o prédio fica todo iluminado. Mas não é uma iluminação qualquer. O jogo de luzes se aproveita da fachada, das colunas, das janelas e de cada pequeno detalhe do prédio para montar cenários e contar pequenas historias. A iluminação vai desde um rio, onde as janelas representam cascatas, até um kit de DJ, com as colunas como reguladores de som.

E a praça, que é bem movimentada, por 15 minutos para. Todos que estão passando chegam mais perto para ver, e sentam no chão mesmo. Parece um teatro ao ar livre. Quando acaba, as pessoas levantam e num piscar de olhos a praça volta ao seu movimento habitual.

Também aproveitamos esse clima agradável para fazermos um churrasco uma noite dessas. Eu era o único brasileiro, o que me permitiu ver como era um barbecue tipicamente francês. Até no churrasco a refeição foi bem separadinha. Primeiro o apero, depois a entrada, então o prato principal, seguido pela sobremesa, e, por fim, um digestivo. Consegui encontrar uma cachaça no supermercado, então deu para fazermos algumas caipirinhas, que todos adoraram. A carne, no entanto, não lembrava nem um pouco um churrasco brasileiro, parecia mais um hambúrguer. De qualquer forma estava tudo muito bom, e comemos realmente muito bem. Foi difícil acordar cedo no outro dia para ir trabalhar.