domingo, 20 de janeiro de 2013

Finalmente, férias! - Parte 2 - Marrocos


A viagem pro Marrocos já começou me impressionando, não fazia ideia que o estreito de Gilbraltar fosse tão estreito. Do avião então, a distancia era minúscula.

Chegamos primeiro em Casablanca, fizemos uma conexão e fomos pra Marrakesh. Logo na saída um taxista, mandado pelo hostel, já esperava por nos, e não demorou muito para perceber como o transito de lá é louco. Estávamos numa avenida, logo após sairmos do aeroporto, e o taxista pede licença, e para o carro no meio da faixa da direita, porque precisava fazer uma ligação no celular. Mas logo iriamos ver que isso não era nada. Quando entramos na Medina, não existia mais praticamente distinção entre rua e calçada, principalmente para as motos, que lá são aos milhares. Isso porque eu morei grande parte da minha vida em São Paulo. Na praça principal, que é bem grande e toda calçada, pessoas, carros e motos se misturam, indo de um lado para o outro, em todas as direções, de uma forma bem aleatória.

Descemos do taxi e um outro rapaz prontamente pega as nossas malas. Foi tão rápido que até nos assustamos. Mas era um cara do hostel, e ele foi nos mostrando os caminhos pelas estreitas ruas da Medina, até o hostel. A primeira impressão não foi das melhores, o hostel ficava em um beco, uma ruazela sem saída, estreita, e que não tinha quase movimento algum. Assim que chegamos lá, um outro rapaz nos ofereceu chá de menta, uma tradição marroquina, e depois foi nos mostrar o nosso quarto. Embora o hostel fosse grande, ele não me agradou muito, o banheiro não parecia dos melhores, um ficava em baixo de uma escada, outro tinha uma porta que era da metade do tamanho do batente. A cama era pequena, e o quarto que eu fiquei, no terraço, não era nada espaçoso.

Mas isso tudo não passava de uma primeira mau impressão. No fim acabei achando aquele um hostel incrível, e eu percebi como ele estava na verdade muito bem localizado. O hostel ficava bem no meio da Medina, que é o equivalente a um centro antigo, que tem um muro em todo o seu perímetro. A menos de 5 minutos de caminhada fica a praça Jemaa el-Fna, a mais importante de Marrakesh. O pessoal no hostel era bem simpático, toda vez que ficávamos um pouco sentados em um dos sofás, eles vinham perguntar se queríamos um pouco de chá, e sempre faziam alguma brincadeira. O prédio do hostel é um riad, que é uma casa típica marroquina. Ela tinha dois andares, mais o terraço. O centro era aberto, mas coberto por uma tenda, e lá ficavam vários sofás e mesas baixas. Era lá também que era servido o café da manhã, muito bom por sinal, bem farto e o melhor que eu já comi em um hostel; e aqueles sofás eram um ótimo lugar para conhecer pessoas novas, um dia fiquei jogando cartas de noite com um pessoal da Nova Zelândia, dos EUA, da Finlândia e da Coreia.

Na noite do dia que chegamos já fomos conhecer a praça e comer alguma coisa. Vimos como as coisas lá eram baratas, não tinha nem comparação com a França.

No outro dia acordamos cedo para conhecer melhor Marrakesh. Fomos até o El Bahia, que são vários riads ligados uns nos outros. Cada um tem um pátio interno, ao ar livre na maioria das vezes, e normalmente com uma pequena fonte no meio. De lá, andamos até o palácio El Badi, um antigo palácio, grandioso, que hoje esta em ruinas, construído por um sultão.

Fomos também até o Jardim Majorelle, uma obra de arte em forma de jardim, construído primeiramente por Jacques Majorelle, e comprado mais tarde por Yves Saint Laurent.


De tarde, depois do almoço, passamos pela praça Jemaa el-Fna, a praça mais importante de Marrakesh. Em um espaço aberto muito amplo, passam milhares de pessoas. A praça sempre parecia estar cheia, tanto de dia como de noite. No meio, ficam varias barracas, montadas sobre estandes, que vendem sucos de laranja deliciosos ou varias caixas repletas de frutas secas, como amêndoas, castanhas e nozes. No meio dessa exótica praça encontram-se vários tipos de pessoas, a maioria vestida com aquela roupa típica berber, algo como uma capa, que cobre o corpo inteiro. Não faltam adestradores de macacos, que fazem eles pularem nas pessoas; malabaristas, que dão saltos incríveis; e encantadores de cobras, tocando flauta com uma naja a poucos centímetros de distancia.

O barulho constante das pessoas, e a musica ao fundo que não para nunca, é agravado em certas horas dos dias. As várias mesquitas, que estão por toda a cidade, possuem alto falantes em cima das suas torres, e em certos horários, eles começam a gritar orações para que todos possam ouvir.

Aproveitamos o final do dia para nos perdermos entre as ruazinhas do zouk, o gigante mercado da região. Por incrível que pareça, mesmo depois de dobrar por varias ruelas e nos perdermos bastante, acabávamos chegando de alguma forma na praça Jemaa El-Fna.




No outro dia bem cedo partimos em uma excursão até o deserto. Além de mim, do Daniel e da Luiza, nos acompanharam uma família de canadenses, que eram muito simpáticos, e o nosso guia. De carro, passamos pelo Atlas e tínhamos como destino final Ouarzazate. O Atlas é uma cordilheira de montanhas a leste de Marrakesh, e é bem alto. Passamos por lugares com bem mais de 2500 metros de altitude. Mais tarde, quando estaríamos no deserto, era estranho sentir aquele calor e estar no meio daquelas dunas, mas ver ao fundo a neve no topo das montanhas do Atlas. Enfim, essa é a cordilheira que delimita o inicio do deserto do Sahara.

A viagem não é tranquila. A estrada fica fazendo ziguezague o tempo todo, e na parte de cima da montanha é bem frio. Por todo o caminho pode-se ver vários vilarejos de tribos berbers, que antigamente eram nômades, e que agora têm casas da cor da terra que quase acabam se misturando com a paisagem. Mas o trajeto vale a pena, e nos leva a paisagens maravilhosas.


Antes de chagar a Ouarzazate, um pequeno desvio e passamos por um kasbah, Ait-ben-Haddou. Para entrarmos nessa pequena fortaleza temos que passar por um pequeno rio, que o guia diz, para nosso espanto, ser de agua salgada. Passamos por entre aquelas casas, de arquitetura tão tradicional, para chegarmos ao topo da colina onde fica esse kasbah. De lá, a vista é linda.

Foi ali também que foram filmados vários filmes mundialmente famosos, como A Múmia, Gladiador, Alexandre, e Príncipe da Pércia.



Chegamos então em Ouarzazate, cidade também conhecida como a “Porta do deserto”. Almoçamos por lá. Mas tarde pegamos a estrada de volta à Marrakesh.


No ultimo dia completo que teríamos no Marrocos, fomos conhecer mais de perto a mosquita de Koutubia, que tem a torre mais alta de Marrakesh. Não podíamos entrar, porque a entrada só é permitida a mulçumanos. Aproveitamos para ir a um parque ali perto, e para conhecer a parte de fora da muralha da Medina. Passamos em frente ao palácio real, mas é proibido tirar fotos ali.



De tarde passamos de novo pelos zouks ; sempre é uma experiência interessante passear por lá. Esse mercado, um verdadeiro labirinto esparramado por varias ruas, a maioria bem estreita, algumas um pouco mais largas, tem lojas seguidas de lojas. Algumas são relativamente grandes, outras são apenas simples barraquinhas. Mas o sangue de comerciante esta no povo, e eles fazem de tudo para conseguir uma venda. A abordagem dos vendedores é constante. Eles chegam falando inglês, se você não da bola eles falam em francês, depois tentam espanhol, e até mesmo português ou italiano. E eles aprendem rápido. Uma hora, estávamos andando e o Daniel chamou:
- Luiza ...
O vendedor de uma lojinha na frente da qual passávamos ficou:
- Luiza ! Luiza ! Luiza ! ... – como um papagaio, até sumirmos de vista.

Comecei a conversar com um vendedor, ele me perguntou se eu era Corinthiano, e quando disse que era São Paulino ele começou a falar do Mundial de 2005, e sobre o Liverpool da época. Fiquei de boca aberta que ele soubesse tanto assim. Depois ele veio falar sobre um dos últimos gols que o Falcão fez. Nos dois concordamos que o gol foi lindo.

E é necessário muita cara de pau para negociar. Fomos, eu e o Daniel, comprar um turbante. O vendedor disse que dois turbantes sairiam por 550 dirhams. Nos fizemos uma contraproposta de 100 dirhams. Depois de um tempo de negociação, ele disse que não faria por menos que 200. Dissemos que estava muito caro, e começamos a ir embora. Ele nos puxa pelo braço, e faz outra proposta. No final, nos e ele estávamos quase gritando, fechamos a compra por 160 dirhams, ele deu um sorriso e até tirou foto com a gente.

Dia 30 bem cedo, depois de quatro dias imersos nessa cultura completamente diferente, era hora de ir embora. Pegamos o avião, e eu trouxe comigo memorias fantásticas, de um dos lugares que mais me impressionou nas minhas viagens.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Finalmente, férias! - Parte 1 - Espanha


Então as férias chegaram. Como sempre, eu arrumei a mala no meio da madrugada, já morrendo de sono, e sem ter certeza se estava levando tudo que deveria. No sábado de manhã, 22 de dezembro, eu, o Daniel e a Luiza pegamos um avião para irmos até a Espanha. Primeira parada : Barcelona.

Sim, Barcelona. É a terceira vez no mesmo ano que eu viajo para lá. Realmente gostei muito da cidade. E mesmo já tendo ido duas vezes antes, visitamos lugares que eu ainda não tinha conhecido. Descobrimos, meio no acaso, no meio do parque da Citadela, uma fonte, muito grande e bonita, com um grande arco atrás, varias estatuas e escadas que levam até ele. Conheci também a Fonte Magica, que tem como plano de fundo as escadarias que levam a um museu, no monte Montjuice. E perto dessa fonte fica a Praça Espanya. Lá, existe uma antiga arena de touradas, que foi reformada e virou um shopping.


Uma coisa bem interessante que eu notei em Barcelona é que embora para ir a vários lugares tenham grandes escadas, normalmente existem escadas rolantes ao lado. Isso mesmo sendo a céu aberto.

Como era Natal, na frente da Catedral de Barcelona, que fica no centro antigo, tinha uma “Fira de Santa Lucia”. La vendia-se todos aqueles enfeites relacionados com o Natal. Papais Noels, guirlandas, pinhas decoradas, gorros vermelhos... E no jardim interno da catedral montaram um presépio. Sem contar as luzes que tinham decorando varias ruas.

Claro, não pude deixar de ir de novo à Sagrada Família. Achei ela linda e magnifica, como sempre, mas dessa vez fizemos o tour pelas torres. A subida foi por um elevador. Lá em cima é bem alto, e ventava muito forte, mas da para ver alguns detalhes da construção bem de perto, e se tem uma boa vista da cidade. No entanto, para descer, fomos por uma escadinha bem estreita.

Fomos também até o Parque Güell, onde um musico de rua, o mesmo que eu tinha visto nas minhas ultimas viagens, com um chapéu de cowboy, calças de oncinha, e óculos escuros, estava no mesmo lugar que das outras duas vezes. Também passeamos pela Rambla e pela praia de Barceloneta.

E no dia 24 bem cedo, pegamos um avião e fomos para Madrid.

De tarde, conhecemos o Parque del Retiro. Um parque bem bonito, principalmente um grande lago, com um monumento ao fundo, e também o chamado Palácio de Cristal, que fica do lado de um outro pequeno lago. Andando por umas ruas ali perto percebemos que Madrid tem muitas fontes. No inicio eu tirava fotos de toda fonte que eu via, algumas eram bem bonitas, mas depois eu percebi que em praticamente todo cruzamento tinha uma. Passamos também pela frente do museu do Prado, mas ele estava fechado.


O Guilherme, amigo meu desde a segunda serie, esta morando em Madrid. E ele chamou a gente pra passar a véspera de Natal com ele. Bom, sendo bem preciso, não é exatamente Madrid, é Getafe. Mas com certeza é muito mais perto do que a distancia entre Supélec e Paris. No entanto, quando a gente estava indo para lá, e fomos pegar o Cercanias (o metro que vai para Getafe), ele já não passava mais. Por ser véspera de Natal, todos os trens paravam de passar mais cedo.

Acabamos pegando um taxi. E o taxista não teve do. Ele até chegou a ligar uma bandeira 3 uma hora, e ainda cobrou uma taxa de véspera de Natal. Mas tudo bem, valeu muito a pena. Foi muito bom poder reencontrar o Guilherme depois de tanto tempo, e conhecer a Jessika e o Jeremy. E a ceia estava muito boa. Aproveitei também para falar pelo Skype com o pessoal lá de casa. Pelo menos pra voltar conseguimos pegar um ônibus que ia bem pro centro de Madrid, e perto do nosso hostel.

No outro dia acordamos tarde e almoçamos em um restaurante lá perto. No dia anterior tínhamos almoçado em um rodizio de pizza e já tínhamos percebido uma coisa: as coisas na Espanha eram bem baratas. Ainda mais quando comparamos com Paris, onde tudo é caro. E isso foi algo que iriamos perceber durante a viagem inteira.

Passeamos ainda pelo centro de Madrid. Passamos pela Puerta del Sol, que fica bem no centro e é onde fica a estatua do urso na arvore. Fomos até a Plaza Mayor, onde tinha um mercadinho natalino; e passamos pela catedral e pelo palácio real. Ainda deu tempo de irmos até o Santiago Bernabéu.

Dia 26, sobrevoamos o estreito de Gilbratar para irmos até o Marrakesh.